A Conquista Romana e a Transformação da Península Ibérica
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A chegada dos romanos à Península Ibérica ocorreu no contexto da Segunda Guerra Púnica, um conflito que opunha Roma a Cartago no Mediterrâneo Ocidental. Esta conquista, que se estendeu por aproximadamente dois séculos, pode ser dividida em quatro fases distintas:
Fases da Conquista
- 1ª Fase: Para conter o avanço cartaginês, os generais romanos Públio e Cneu Escipião desembarcaram em Emporion. O objetivo era cortar os suprimentos vindos da Península, enviados pelo general cartaginês. Após 12 anos de conflito, os romanos expulsaram os cartagineses e ocuparam a faixa mediterrânea e o vale do Guadalquivir.
- 2ª Fase: Ampliação da área de domínio para o interior peninsular, com campanhas notáveis lideradas por Catão e Semprônio Graco.
- 3ª Fase: Avanço sobre a Meseta e o litoral atlântico. Os romanos venceram os lusitanos, sob a liderança de Viriato, e os celtiberos, que ofereciam resistência tenaz em Numância.
- 4ª Fase: Guerras Cantábricas. Consolidação do domínio sobre o norte peninsular com a derrota dos cántabros, astures e galaicos. O imperador Augusto participou ativamente nesta campanha.
Romanização: A Assimilação Cultural
Paralelamente à conquista militar, desenvolveu-se o processo de romanização, que consistiu na assimilação dos modos de vida e da cultura romana pelos povos dominados. Em Hispania, a romanização foi mais intensa nas regiões costeiras do levante e nos vales dos rios Ebro e Guadalquivir, em comparação com os territórios do norte.
Principais Mudanças Resultantes da Romanização:
- Divulgação do latim como língua comum.
- Introdução da religião romana e, posteriormente, do cristianismo, após este se tornar a religião oficial do Império.
- Imposição do sistema económico, social e jurídico romano.
- Aceitação dos gostos e expressões artísticas romanas.
- Adoção das formas arquitetónicas romanas.
Organização Político-Administrativa do Território
Roma estabeleceu uma série de unidades político-administrativas para garantir o controle territorial, manter a paz, explorar as fontes de riqueza, otimizar a percepção de impostos e administrar a justiça. Estas unidades eram as províncias, os conventos e as civitas.
Estrutura Administrativa:
- Províncias: Administradas por um governador nomeado por Roma, englobavam vários conventos e múltiplas civitas. O número de províncias em Hispania variou ao longo do tempo:
- Em 197 a.C.: Duas províncias – Hispania Citerior (capital em Tarraco) e Hispania Ulterior (capital em Corduba).
- Na época de Augusto: Ampliação para três províncias – Tarraconensis, Lusitania (capital em Mérida) e Bética.
- Na época de Diocleciano: Criação de cinco províncias – as três anteriores mais Cartaginensis e Gallaecia (capital em Braga).
- Em 385: Criação de uma sexta província – a Baleárica (capital em Pollença).
- Conventos: Subdivisões administrativas provinciais destinadas a gerir questões judiciais, a cobrança de impostos e o recrutamento de tropas.
- Civitas: A unidade administrativa básica do sistema romano, composta por um núcleo urbano e o seu território circundante. Podiam ser colónias (fundadas pelos romanos) ou municipia (antigas cidades prerromanas que adquiriam o regime jurídico do direito romano ou latino).
Economia e Desenvolvimento
Os romanos exploraram intensivamente os recursos naturais da Península Ibérica:
- Agricultura: As terras passaram a ser propriedade do Estado romano. Foram introduzidas novas técnicas de cultivo, como o arado romano, e culturas destinadas ao comércio.
- Pesca: Destacou-se a salga de peixe e a elaboração do garum, um molho de peixe muito apreciado pelos romanos.
- Mineração: Houve exploração de importantes minas de prata, ouro, cobre, ferro e mercúrio.
Os séculos I e II d.C. foram um período de prosperidade e desenvolvimento, que sofreu uma desaceleração a partir do século III devido à insegurança causada pelas incursões dos povos bárbaros.
Infraestruturas e Urbanismo
O desenvolvimento urbanístico e arquitetónico foi notável. Para facilitar a atividade comercial, os romanos construíram uma extensa rede de calçadas. Destacam-se na Península a Via Augusta e a Via da Prata, que ligava Emérita Augusta a Astúrica Augusta.